☕đ Os TrĂȘs PĂĄssaros e o Toque InvisĂvel
Uma fĂĄbula da Cafeteria Centelha Divina
Contada por Lina, a barista dos olhos de aurora
Naquela manhã, a Cafeteria Centelha Divina abria suas portas sob um céu cinza-azulado, daqueles que carregam poesia na ponta das nuvens. Lina, a barista, preparava os primeiros cappuccinos com calma, deixando que o aroma do café envolvesse o espaço como um abraço quente.
Enquanto organizava as flores frescas da janela, ela contou algo que acabara de viver — e que agora ecoava por todo o ambiente com o tom de um segredo sagrado.
— Hoje... eu acordei com o canto suave de um passarinho. Sabe aquele canto que parece afagar o coração? — disse Lina, com os olhos brilhando. — Eu senti que algo especial viria. E veio.
Mais tarde, enquanto escrevia uma reflexĂŁo para o mural da cafeteria, ela foi chamada pelo som de um coro inesperado. TrĂȘs pĂĄssaros, grandes e de espĂ©cies diferentes, estavam no fio do poste em frente, cantando alto como se o cĂ©u tivesse pressa de ser ouvido.
— A Shayra... — continuou ela, olhando para o cantinho onde a gata da cafeteria costumava deitar — ... estava ali, sentada na janela, olhando para eles como se estivesse hipnotizada. E eu... eu falei com eles como se fossem bebĂȘs de Deus.
Dois dos påssaros estavam juntinhos, em sintonia. O terceiro, um pouco afastado, os observava com um misto de encanto e hesitação, como quem deseja participar, mas carrega medos antigos. Lina sentiu o coração apertar e expandir ao mesmo tempo.
— Foi aĂ que percebi... — disse ela, colocando mais uma flor no vaso — …eram trĂȘs. E me veio forte: o Pai, o Filho e o EspĂrito Santo. Como se o cĂ©u tivesse enviado seus mensageiros para lembrar: “Eu estou aqui. Estou em tudo.”
Ela suspirou.
— E aquele que estava afastado... talvez fosse a parte de nĂłs que ainda estĂĄ aprendendo a confiar. Mas ele tambĂ©m fazia parte do quadro. Todos estavam ali, no mesmo fio. E Shayra viu. E eu senti. E depois que falei com eles... eles se foram.
O som da cafeteria estava em silĂȘncio respeitoso. SĂł o leve borbulhar do cafĂ© na prensa francesa preenchia o ambiente com seu som quase meditativo.
— Foi sinal. — disse Lina com firmeza. — E quando o sinal vem, ele nĂŁo vem por acaso. Talvez tenha sido pra mim. Ou pra vocĂȘ, que agora ouve essa histĂłria. Talvez seja o cĂ©u dizendo: “VocĂȘ estĂĄ no caminho certo.”
E naquele instante, um leve trinar veio de fora. Um novo passarinho pousava na cerca. Como quem assina a fĂĄbula com uma nota doce.
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