**A Fábula da Centelha Divina: Entre a Solidão e o Chamado**


Em um lugar escondido entre as ruas tranquilas de uma cidade, existia a **Cafeteria Centelha Divina**, onde o aroma de café recém-moído dançava pelo ar e sonhos ganhavam forma nos corações dos que por lá passavam. Diziam que a cafeteria tinha o poder de fazer as pessoas refletirem profundamente sobre suas vidas e propósitos. Lá, dois sentimentos opostos, **solidão** e **solitude**, se encontravam frequentemente com aqueles que buscavam respostas para seus dilemas internos.

Certa vez, um jovem chamado **Theo** chegou à Cafeteria. Seu olhar estava perdido, carregando o peso de escolhas não feitas e sonhos abandonados. Sentia-se preso em um ciclo de solidão, onde o vazio o consumia, mesmo quando estava rodeado de pessoas. Theo acreditava que havia falhado ao não seguir seu propósito, mas, ao mesmo tempo, não sabia qual era esse chamado que o esperava.

Ele se sentou em uma mesa próxima à janela, observando as folhas caírem lentamente no chão lá fora. A quietude da cafeteria fazia ecoar suas dúvidas, até que uma mulher misteriosa, **Aurora**, uma velha cliente da Cafeteria Centelha Divina, se aproximou e sentou-se à sua frente, como se já soubesse o que o afligia.

“Vejo que estás à procura de algo, mas não sabes o quê”, disse ela com suavidade.

Theo assentiu em silêncio. “Sinto que perdi o rumo... que meus sonhos não passam de ilusões que nunca irei alcançar. Escolhi tantas vezes o caminho errado... e agora, não sei mais qual caminho seguir.”

Aurora olhou-o nos olhos com uma gentileza profunda. “Às vezes, o que confundimos com solidão é, na verdade, uma oportunidade para descobrirmos a verdadeira solitude — o estado de estar consigo mesmo, sem medo do silêncio interior. Não há escolha errada, apenas lições. E os sonhos, eles nunca desaparecem, apenas aguardam que você os reconheça novamente.”

Intrigado, Theo perguntou: “Mas como eu posso distinguir meu verdadeiro propósito? Como saber quando devo responder ao chamado?”

“Teu propósito não está escondido, ele vive em cada escolha que fazes. O chamado não é uma voz que grita de fora, mas um sussurro interno que sempre esteve contigo. Quando tu segues aquilo que te faz sentir vivo, mesmo que por um instante, estás respondendo ao chamado.”

Theo refletiu sobre essas palavras. Percebeu que, durante toda sua vida, havia confundido **solidão** — o medo de estar sozinho — com **solitude**, que era a oportunidade de se conhecer e escutar seus desejos mais profundos. Ele não precisava ter todas as respostas agora, mas podia começar a se permitir sonhar novamente, a seguir pequenos passos em direção àquilo que realmente o preenchia.

Com um leve sorriso, Aurora se levantou. “A Cafeteria Centelha Divina sempre estará aqui para te lembrar disso: a solidão é apenas uma porta, e do outro lado está o caminho para teus sonhos. Cabe a ti escolher atravessá-la.”

E assim, Theo sentiu algo acender dentro de si, uma **centelha**. Não tinha mais todas as respostas, mas sabia que as encontraria ao longo do caminho, conforme respondia ao chamado que sempre esteve em seu coração.

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**Reflexão:** A solidão pode ser um fardo, mas a solitude é uma escolha que nos permite ouvir nosso verdadeiro chamado. Cada passo em direção aos nossos sonhos, mesmo que pequeno, é uma resposta ao propósito que habita dentro de nós.


 

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